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Um pouco sobre a Maconha


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olá, não sei se lembram de mim, ex-mod, jornalista... enfim, ainda estou com problemas para acessar a GB, mas achei justo logar mais uma vez com VPN (lento) pra postar essa matéria com um tema bem polêmico, espero que gostem ?

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"Por que a maconha é proibida?" Porque faz mal à saúde.

 

Será mesmo? Então, por que o bacon não é proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de passagem, nenhum mal sério à saúde foi comprovado para o uso esporádico de maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários frequentes de maconha no começo do século XX.

 

AVISO PRÉVIO:

EVITE críticas sem construção sobre o tema ou sobre o tópico 

Se você se sente a vontade de debater sobre o assunto, faça isso no tópico - e lembre-se ataque os argumentos da pessoa, não a pessoa.

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planta de maconha

Maconha é o nome popular da planta do gênero Cannabis, que apresenta três espécies: sativa, indica e ruderalis, além de um número incontável de variedades (strains) obtidas por cruzamento de espécies e variedades, levando alguns autores a classificá-la apenas como Cannabis sativa. Além do uso social da droga psicoativa, que é ilegal no Brasil, a maconha tem sido utilizada há milhares de anos com fins medicinais para tratar diversas condições.

 

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“O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel.” Começa assim a matéria “Marijuana: assassina de jovens”, publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado Harry Anslinger Se a maconha, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.

Nas primeiras décadas do século XX, a maconha era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, maconha era “coisa de negro”, fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos – meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe média branca.

 

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Depois de mais de um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco e só para casos extremos. O uso moderado não faz mal. A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894, quando a Índia fazia parte do Império Britânico.

Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Grupos religiosos britânicos reivindicavam sua proibição. Formou-se a Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatório final desaconselhou a proibição: “O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool”.

Em 1944, um dos mais populares prefeitos de Nova York, Fiorello La Guardia, encomendou outra pesquisa. Em meio à histeria antimaconha de Anslinger , La Guardia resolveu conferir quais os reais riscos da tal droga assassina. Os cientistas escolhidos por ele fizeram testes com presidiários (algo comum na época) e concluíram: “O uso prolongado da droga não leva à degeneração física, mental ou moral”. O trabalho passou despercebido no meio da barulheira proibicionista de Anslinger.

 

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"A história da proibição da maconha" É uma história um pouco longa, e eu acredito que nem todos desse fórum tem competência pra ler uma matéria completa, então deixarei no spoiler

Em 1920, sob pressão de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibição da produção e da comercialização de bebidas alcoólicas. Era a Lei Seca, que durou até 1933. Foi aí que Henry Anslinger surgiu na vida pública americana – reprimindo o tráfico de rum que vinha das Bahamas.

Anslinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promíscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substância. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.

Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e o ópio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritório nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefiá-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela política de drogas do país. E quanto mais substâncias fossem proibidas, mais poder ele teria.

Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. “A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo”, afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo.

Seria um empurrão considerável para a nascente indústria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado.

Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída – levando com ela a indústria de papel de cânhamo.

Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde). Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada. Em 1937, Anslinger  foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, “algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos”.

Os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura. Proibiu-se não apenas a droga, mas a planta. O homem simplesmente cassou o direito da espécie Cannabis sativa de existir.

 

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Nos últimos anos, os possíveis males da maconha foram cuidadosamente escrutinados – às vezes por pesquisadores competentes, às vezes por gente mais interessada em convencer os outros da sua opinião.

Veja abaixo um resumo do que se sabe:

 

sLRCUf3.png Câncer

Não se provou nenhuma relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traqueia, boca e outros associados ao cigarro. O que se sabe é que o cigarro de maconha tem praticamente a mesma composição de um cigarro comum – a única diferença significativa é o princípio ativo. No cigarro é a nicotina, na maconha o tetrahidrocanabinol, ou THC. Também é verdade que o fumante de maconha tem comportamentos mais arriscados que o de cigarro: traga mais profundamente, não usa filtro e segura a fumaça por mais tempo no pulmão (o que, aliás, segundo os cientistas, não aumenta os efeitos da droga).

Em compensação, boa parte dos maconheiros fuma muito menos e para ou reduz o consumo depois dos 30 anos Em resumo: o usuário eventual de maconha, que é o mais comum, não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Quem fuma mais de um baseado por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.

sLRCUf3.png Dependência

Algo entre 6% e 12% dos usuários, dependendo da pesquisa, desenvolve um uso compulsivo da maconha (menos que a metade das taxas para álcool e tabaco). A questão é: será que a maconha é a causa da dependência ou apenas uma válvula de escape. “Dependência de maconha não é problema da substância, mas da pessoa”, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo Dartiu, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral, ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. Pessoas que não se encaixam nisso não desenvolvem o vício. “E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quanto de sexo, de jogo, de internet”, diz. E lembrando: Maconha não tem dependência química, ou seja - o seu corpo não vai "pedir mais" como acontece na nicotina do cigarro.

sLRCUf3.png Danos cerebrais

“Maconha mata neurônios.” Essa frase, repetida há décadas, não passa de mito. Bilhões de dólares foram investidos para comprovar que o THC destrói tecido cerebral – às vezes com pesquisas que ministravam doses de elefante em ratinhos –, mas nada foi encontrado.

Muitas experiências foram feitas em busca de danos nas capacidades cognitivas do usuário de maconha. A maior preocupação é com a memória. Sabe-se que o usuário de maconha, quando fuma, fica com a memória de curto prazo prejudicada. São bem comuns os relatos de pessoas que têm ideias que parecem geniais durante o “barato”, mas não conseguem lembrar-se de nada no momento seguinte. Isso acontece porque a memória de curto prazo funciona mal sob o efeito de maconha e, sem ela, as memórias de longo prazo não são fixadas (é por causa desse “desligamento” da memória que o usuário perde a noção do tempo). Mas esse dano não é permanente. Basta ficar sem fumar que tudo volta a funcionar normalmente. O mesmo vale para o raciocínio, que fica mais lento quando o usuário fuma muito frequentemente.

Na comparação com o álcool, a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.

sLRCUf3.png Coração

O uso de maconha dilata os vasos sanguíneos e, para compensar, acelera os batimentos cardíacos. Isso não oferece risco para a maioria dos usuários, mas a droga deve ser evitada por quem sofre do coração.

sLRCUf3.png Infertilidade

Pesquisas mostraram que o usuário frequente tem o número de ********tozoides reduzido. Ninguém conseguiu provar que isso possa causar infertilidade, muito menos impotência. Também está claro que os ********tozoides voltam ao normal quando se para de fumar.

sLRCUf3.png Loucura

No passado, acreditava-se que maconha causava demência. Isso não se confirmou, mas sabe-se que a droga pode precipitar crises em quem  tem doenças psiquiátricas.

 

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sLRCUf3.png Maconha faz bem? sLRCUf3.png

No geral, não. A maioria das pessoas não gosta dos efeitos e as afirmações de que a erva, por ser “natural”, faz bem, não passam de besteira. Outros adoram e relatam que ela ajuda a aumentar a criatividade, a relaxar, a melhorar o humor, a diminuir a ansiedade. É inevitável: cada um é um.

 

O uso medicinal da maconha é tão antigo quanto a maconha. Hoje há muitas pesquisas com a cannabis para usá-la como remédio. Segundo o farmacólogo inglês Iversen, não há dúvidas de que ela seja um remédio útil para muitos e fundamental para alguns, mas há um certo exagero sobre seus potenciais. Em outras palavras: a maconha não é a salvação da humanidade. Um dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da droga do efeito psicoativo – ou seja, criar uma maconha que não dê “barato”. Muitos pesquisadores estão chegando à conclusão de que isso é impossível: aparentemente, as mesmas propriedades químicas que alteram a percepção do cérebro são responsáveis pelo caráter curativo. Esse fato é uma das limitações da maconha como medicamento, já que muitas pessoas não gostam do efeito mental. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o uso médico da cannabis é proibido e milhares de pessoas usam o remédio ilegalmente. Conheça alguns dos usos:

sLRCUf3.png Câncer

Pessoas tratadas com quimioterapia muitas vezes têm enjoos terríveis, eventualmente tão terríveis que elas preferem a doença ao remédio. Há medicamentos para reduzir esse enjoo e eles são eficientes. No entanto, alguns pacientes não respondem a nenhum remédio legal e respondem maravilhosamente à maconha. Era o caso do brilhante escritor e paleontólogo Stephen Jay Gould, que, no mês passado, finalmente, perdeu uma batalha de 20 anos contra o câncer. Gould nunca tinha usado drogas psicoativas – ele detestava a ideia de que interferissem no funcionamento do cérebro. Veja o que ele disse: “A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do ‘efeito colateral’ que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea – e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento – foi o maior incentivo em todos os meus anos de quimioterapia”.

sLRCUf3.png Aids

Maconha dá fome. Qualquer um que fuma sabe disso (aliás, esse é um de seus inconvenientes: ela engorda). Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto a maconha. E isso pode prolongar muito a vida: acredita-se que manter o peso seja o principal requisito para que um soropositivo não desenvolva a doença. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para doentes de Aids.

sLRCUf3.png Esclerose múltipla

Essa doença degenerativa do sistema nervoso é terrivelmente incômoda e fatal. Os doentes sentem fortes espasmos musculares, muita dor e suas bexigas e intestinos funcionam muito mal. Acredita-se que ela seja causada por uma má função do sistema imunológico, que faz com que as células de defesa ataquem os neurônios. A maconha alivia todos os sintomas. Ninguém entende bem por que ela é tão eficiente, mas especula-se que tenha a ver com seu pouco compreendido efeito no sistema imunológico.

sLRCUf3.png Dor

A cannabis é um analgésico usado em várias ocasiões. Os relatos de alívio das cólicas menstruais são os mais promissores. (Palavras do Ciel: Isso aconteceu a tipo... 1 semana atrás? Eu estava com amigos, um deles estava fumando, um conhecido passou de moto, viu a gente e se desconcentrou e caiu de moto, se ralou todo, sangrou e tal - esse amigo com um bong e maconha ofereceu ao conhecido uma 'bongada' pra ajudar na dor - 10 minutos depois estava o cara sangrando e conversando com a gente. )

sLRCUf3.png Glaucoma

Essa doença caracteriza-se pelo aumento da pressão do líquido dentro do olho e pode levar à cegueira. Maconha baixa a pressão intraocular. O problema é que, para ser um remédio eficiente, a pessoa tem que fumar a cada três ou quatro horas, o que não é prático e, com certeza, é nocivo (essa dose de maconha deixaria o paciente eternamente“chapado”). Há estudos promissores com colírios feitos à base de maconha, que agiriam diretamente no olho, sem afetar o cérebro. Mas pouco investido, devido a proibição da maconha. 

sLRCUf3.png Ansiedade

Maconha é um remédio leve e pouco agressivo contra a ansiedade. Isso, no entanto, depende do paciente. Algumas pessoas melhoram após fumar; outras, principalmente as pouco habituadas à droga, têm o efeito oposto. Também há relatos de sucesso no tratamento de depressão e insônia, casos em que os remédios disponíveis no mercado, embora sejam mais eficientes, são também bem mais agressivos e têm maior potencial de dependência.

sLRCUf3.png Dependência

Dois psiquiatras brasileiros, Dartiu Xavier e Eliseu Labigalini, fizeram uma experiência interessante. Incentivaram dependentes de crack a fumar maconha no processo de largar o vício. Resultado: 68% deles abandonaram o crack e, depois, pararam espontaneamente com a maconha, um índice altíssimo. Segundo eles, a maconha é um remédio feito sob medida para combater a dependência de crack e cocaína, porque estimula o apetite e combate a ansiedade, dois problemas sérios para cocainômanos. Dartiu e Eliseu pretendem continuar as pesquisas, mas estão com problemas para conseguir financiamento – dificilmente um órgão público investirá num trabalho que aposte nos benefícios da maconha.

 

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Muito antes do WhatsApp, as mentiras sobre a cannabis eram disseminadas por livros, jornais, artigos científicos e até no cinema. Deu certo para eles: a maconha foi socialmente aceita como a “erva do diabo” e até hoje é difícil convencer parte da população que ela pode salvar vidas. Boa parte das mentiras utilizadas como motivo para proibir a maconha já foram desqualificadas pela ciência, mas seguem sendo utilizadas até hoje, inclusive nos discursos políticos e médicos. Neste contexto, o questionamento de argumentos falaciosos é fundamental na luta pela legalização. O livro “Maconha: mitos e fatos” da socióloga Lynn Zimmer e do farmacologista John P. Morgan é uma ótima fonte de leitura sobre todo esse arcabouço de tolices que dizem sobre a erva.

sLRCUf3.pngProvavelmente o mito mais famoso sobre a maconha é história de que ela destrói neurônios. Essa história começou nos Estados Unidos, na década de 70, quando o uso da cannabis começou a ser associado a um comportamento preguiçoso e improdutivo.

sLRCUf3.png O que é fato nesta questão dos efeitos neurológicos é que a maconha afeta a memória de curto prazo (responsável por armazenar informações de rotina do dia-a-dia), mas de forma temporária. Passado o efeito da erva, a capacidade de memorizar informações volta ao normal, sem provocar danos permanentes.

sLRCUf3.pngE tem aquela história, que muitos certamente já ouviram, da maconha ser porta de entrada para outras drogas.Se aproveitaram do fato de diferentes drogas ilícitas serem tratadas e comercializadas da mesma forma para estabelecer uma relação fisiológica entre elas, quando na verdade são substâncias com efeitos bem diferentes. Para boa parte dos usuários a maconha está mais para droga final do que uma porta de entrada. Não existe nada na composição da maconha que desperte um interesse do usuário por outras drogas. É tipo de conexão tão absurda como dizer que pessoas que andam de bicicleta vão despertar um desejo incontrolável de andar de moto.

sLRCUf3.pngEm 1937, o diretor do Departamento de Narcóticos dos EUA, Harry Anslinger, escreveu em artigo que “inúmeros homicídios, suicídios, roubos, agressões, assaltos e invasões de residências” são relacionados a insanidade provocada pelo uso de maconha. Nesta mesma época jornais abusavam do sensacionalismo ao relatar crimes supostamente cometidos por pessoas sob efeito da maconha. 

A página do Senado Federal no Facebook divulgou, na tarde de 25 de junho de 2018, uma nota de esclarecimento informando que retirou do ar uma campanha contra o uso da maconha que foi alvo de inúmeras críticas no últimos dias. A peça publicitária fazia parte da campanha da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas e tinha como objetivo alertar a população sobre o uso de algumas substâncias.

 

A imagem usada para criticar o uso da maconha trazia mentiras como a que a planta poderia causar morte imediata ou mediante o consumo continuado. Nunca, em nenhum lugar do mundo, foi registrada uma morte em decorrência do uso de maconha.

 

Andrea Glassi, da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, por exemplo, foi uma das especialistas que usou o Facebook para criticar a campanha. “Não há, sequer, uma morte reportada pela ciência atribuída ao uso de maconha. Amedrontar se valendo de mentiras não é o caminho republicano para informar a população”, escreveu em uma postagem que tinha ainda uma imagem ironizando a campanha do Senado. 

 

veja a imagem divulgada e a resposta de Andrea Glassi no spoiler

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Há possibilidades de uma mudança no tratamento à maconha?

 

“No Brasil, não é fácil”, diz Maierovitch, que, enquanto era secretário nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalização. “A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente”, afirma. A ideia é que ela fosse colocada em prática ao mesmo tempo nos dois países.

Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de ideia depois. O jurista afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos – e não só aqui no Brasil.

 

No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior.

 

 

A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer.

 

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Créditos:

Autor da Matéria:

Fontes: SuperInteressante, Senado Federal, Academia Nacional de Polícia, termLIFE, 'Rafael', RevistaFórum, Denis Russo Burgierman / Alceu Nunes

Publicado: 23/01/2019

Editado por Skip
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3 horas atrás, SirKio disse:

Boa matéria, muitas informações úteis...

...MAS infelizmente muita coisa inventada.

Parabéns, mas lembre-se que a gb tem muita criança e que um tópico desse não é algo, vamos dizer, educativo. ?

Não é educativo, é informativo com um tema com muita desinformação espalhada.

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Otíma matéria gostei muito e a população deveria parar um pouco de criticar as pessoas que usam e começar a estudar sobre oque o cannabis faz eu uso e até hoje não tive nenhum efeito maléfico na minha vida eu posso desenvolver com o passar do tempo 

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Matéria muito bem feita e cheia de informações.

 

 Que o alcool faz pior que a maconha é verdade, mas é necessário explicar também os perigos do uso da cannabis antes que o cerebro esteja 100% desenvolvido. Conheço pessoas que começaram a usar Cannabis com 14 ou 15 anos e aos 20 é quase impossivel falar com elas: Riem-se de tudo, não entendem o que acontece, falam bastante lentamente e com dificuldade. A maconha é uma droga psicotropica, ou seja afecta diretamente o cérebro do usuário, o que consegue fud*** com o desnvolvimento de um jovem.

Ou seja, maconha não faz (assim tão) mal quando se usa depois dos 18 anos, de modo responsavel e se tem cuidado com a composição da maconha que se compra.

Editado por Lennard
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